EDUCAÇÃO

Do Kit escolar às mudanças no CEMAEE: as novidades e os desafios da SMEC para o início do ano letivo

Foto Mara Steffens/O Correspondente

 

Em 14 dias as escolas municipais de Carazinho recepcionarão os estudantes para um novo ano letivo e para que tudo esteja pronto para este momento, a secretaria de Educação tem trabalhado intensamente. Nesta semana, a secretária Elisabete Medeiros recebeu O Correspondente para falar da organização da pasta, já que se trata de um novo governo e naturalmente muitas mudanças ocorrem. “O início é sempre mais difícil, até que todos se ambientem, tomem conta de suas demandas, do que está acontecendo. Muitos são os desafios”, disse ela, enumerando algumas situações mais complexas que encontrou quando assumiu.

 

Uma delas é que todos os contratos emergenciais da educação encerraram em 31 de dezembro, e 2025 iniciou com plantão na EMEI São Lucas, ao mesmo tempo em que boa parte do quadro de professores está em férias. Assim, novos contratos emergenciais foram necessários.

 

Elisabete e sua equipe trabalham em uma alternativa para os estudantes matriculados para frequentar a Escola de Educação Infantil Nelsi Schmitz. “Apesar de inaugurada, ela não está pronta e não tem condições de receber os alunos ainda. Além disso, o contrato de aluguel da Fundação La Salle com o antigo Sesquinho (onde as crianças estavam sendo atendidas) está encerrando e todo material já foi retirado de lá”, citou. De acordo com a secretária, nos próximos dias, o prefeito João Pedro de Azevedo deve reunir a imprensa para anunciar novidades em relação a isto.

 

Está em andamento um processo de licitação para contratação de funcionários terceirizados para a limpeza das EMEIs. No entanto, não haverá definição até o início das aulas, e as equipes da própria SMEC foram organizadas para dar conta destas demandas.

 

Elisabete destaca que os diretores são os “braços” da SMEC e com a definição de quais profissionais comandarão cada uma das escolas, o trabalho nas instituições começa a tomar corpo. Eles já estão nas escolas e receberão os funcionários e as equipes pedagógicas na segunda-feira (3). No dia 10 ocorre a abertura oficial do ano letivo, em um evento especial agendado para ocorrer no Recanto São Vicente de Paulo. No dia 11 os professores já estarão nas escolas e finalmente no dia 12 os alunos reiniciam as atividades.

 

Quadro de professores

A secretária destacou que houve remanejo de profissionais nos cargos administrativos e pedagógicos, processo natural quando há troca de governo e aqueles professores que estavam nestes postos até o ano passado, também ganharam novos locais de trabalho. “Mas procuramos mexer somente quem estava sem escola. Tentamos também atender aos pedidos de troca de escola, quando foi possível. Às vezes o professor quer determinada escola, mas não tem vaga”, comentou.

 

Elisabete se mostra preocupada com a grande quantidade de contratos emergenciais existentes na educação e salienta que o ideal é que todo o quadro seja oriundo de concurso público e que isto está nos planos do governo municipal. “Acontece que os contratados não têm vínculo com a educação. Assim que surge uma outra oportunidade, eles saem. Tem a instabilidade, porque não sabe até quando irá ficar. O concursado sabe que tem um plano de carreira, tem uma perspectiva diferente”, justifica.

 

Uma grande secretaria

A SMEC é uma das maiores secretarias do governo municipal. Possui 750 funcionários e um universo de 5 mil estudantes que frequentam 29 escolas, além do Centro de Atendimento Especializado - CEMAEE. Além disso, comporta o Departamento de Cultura, no qual estão ligados Biblioteca Pública, Museu Olivio Oto e Centro Cultural Sandra Citolin.

 

Embora o prefeito João Pedro fale sobre uma reforma administrativa, com realocação de departamentos e setores, Elisabete ainda não confirma que a educação entre neste projeto. Por enquanto, a SMEC segue com a atual estrutura. No entanto, ela concorda que é bastante trabalho para um único secretário e elogia o trabalho realizado na cultura nos últimos anos. “Ainda não há uma definição quanto a isso (a reestruturação da SMEC), mas tem coisas que são próprias da educação. Em termos de estrutura, seria ótimo que a Cultura fosse uma secretaria. O pessoal vem fazendo um ótimo trabalho, construiu muita coisa, estruturou o conselho, recebemos verbas federais. Está muito bem organizado. Se fosse uma secretaria conseguiria muito mais. Mas é algo que está em estudo”, disse.

 

Uniformes

A secretaria revelou que há um grande de número de peças em estoque e que inicialmente estas serão distribuídas para os estudantes. Para o inverno será feita uma nova licitação para aquisição de peças. Quanto ao novo modelo que foi divulgado pela administração anterior, Elisabete comentou que a ideia do prefeito é elaborar mais uma ou duas opções para que as famílias possam escolher o modelo do uniforme que mais agrada. “É preciso que seja algo que os estudantes irão gostar de usar. Eles precisam se sentir bem com as peças e aí sim você poderá cobrar o uso do uniforme que oferece segurança, equidade e economicidade para as famílias”, justificou.

 

Quanto às mochilas, a gestora disse que a ideia é distribuir as unidades que ainda estão em estoque e que um novo modelo será confeccionado, a partir da escolha do novo uniforme.

 

A novidade neste ano ficará por conta dos kits escolares para os estudantes cujas famílias estão no Cadastro Único. No entanto, as escolas também receberão alguns kits para disponibilizar aos estudantes que necessitem, mesmo não estando dentro deste pré-requisito. Para 2026, a intenção é disponibilizar um cartão com o qual as famílias poderão comprar o material que acharem mais adequado.

 

Obras nas escolas

Nesta quinta-feira (30), Elisabete Medeiros deve ter uma reunião na secretaria de Planejamento para tomar conhecimento do andamento do projeto de ampliação da EMEI Doutor Ataídes Conceição Osorio, no bairro Sommer. De acordo com ela, a escola foi realocada em uma casa alugada, bem menor, perto da EMEF Eulália Vargas Albuquerque – CAIC, em meados do ano passado para que o prédio passasse por ampliação. No entanto, nenhuma obra foi iniciada. “Queremos entender este processo, porque a escola saiu de lá, foi para uma casa bem menor, para atender uma emergencialidade, a equipe teve de se adaptar, no entanto a obra não começou”, sublinhou.

 

CEMAEE

Elisabete Medeiros disse também que o Centro Municipal de Atendimento Especializado – CEAMEE atenderá estudantes da educação infantil. A demanda do ensino fundamental será absorvida pelas escolas. “Estramos reestruturando isso. As EMEFs já possuem uma sala de Atendimento Educacional Especializado – AEE e investiremos mais nestes espaços, inclusive com aumento da carga horária de profissionais. Além disso, agora temos o suporte do TEAcolhe. Como nas EMEIs não existe um espaço assim, os alunos serão atendidos no CEMAEE”, contou, acrescentando que haverá oferta de formação para os profissionais destas áreas. “A educação inclusiva está muito desenvolvida e temos que aproveitar este conhecimento para trabalhar com os nossos alunos para que eles se tornem cidadãos que consigam se autodesenvolverem”, completou.

 

Turno integral

Questionada sobre qual seria o grande projeto educacional para Carazinho nos próximos quatro anos, Elisabete apontou o turno integral e ampliação dos turnos nas escolas, algo que ocorrerá de forma gradativa. “Os alunos precisam ficar mais tempo na escola, trabalhando o pedagógico, o recreativo e outras habilidades”, frisou.

 

Atualmente, de acordo com ela, poucas escolas de ensino fundamental mantem algumas turmas de turno integral. Nas EMEIs, funciona o integral estendido, com a criança frequentando dois turnos, mas passando o horário de almoço com os pais, pois não há profissionais nem espaço físico para comportar as crianças o tempo todo na instituição.

 

O turno estendido, na visão de Elisabete, atende a demanda da grande maioria das famílias, cujos horários de trabalho não são compatíveis com o tempo que os filhos estão nas escolas. “Para atender a tudo isso, temos que ter mais profissionais, respeitar a carga horária de cada um, entre outras questões. É algo complexo, mas importante de ser feito”, conclui a secretária.

 

Data: 30/01/2025 - 10:25

Fonte: Mara Steffens

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