CULTURA
Centenário da Revolução de 1923 com projeto especial em Carazinho

Os líderes da revolução de 1923, da esquerda para direita: General Mena Barreto, Coronel Chiquinote Pereira, General Leonel Rocha, General Honório Lemos, Dr Assis Brasil, General Fernando Setembrino de Carvalho, Dr Angelo Pinheiro Machado, General Zeca Netto, General Felipe Portinho e Coronel Estácio Azambuja (Foto Acervo Museu Olivio Otto)
Carazinho foi palco para o início de um dos mais importantes conflitos do Rio Grande do Sul. A Revolução de 1923 teve início aqui, mais precisamente nas imediações de ontem está hoje o CTG Rincão Serrano, no bairro Glória. Esta passagem histórica foi tão importante, que na época a idade mudou de nome por um período. Os revoltosos acamparam aqui e chamaram o lugar de Assisópolis, em apoio a Assis Brasil. Como conta o historiador Adari Francisco Ecker, na baixada que existe próximo à entidade tradicionalista, os revolucionários abriram uma linha de combate.
Em 2023, o conflito completa 100 anos e a Academia Carazinhense de Letras - ACL e o escritor e promotor cultural Ervino Vogelmann trabalham para marcar este aniversário. A entidade teve aprovação no MInistério da Cultura do projeto "Centenário da Revolução de 1923". Vogelmann conta que recursos são financiador pela Lei de Incentivo à Cultura e a fase é de captação de recursos. Empresas e pessoas poderão destinar valores através do imposto de renda.
Secretaria de Educação e Cultura e Legislativo já se manifestaram apoio ao projeto e a tendência é que o Executivo também o faça. "Vamos realizar um seminário de 4 dias sobre o assunto, com a participação de historiadores e convidados de outras cidades. Nossa ideia é fazer este evento no Rincão Serrano, pela importância histórica. Este conhecimento será registrado em livro. Também produziremos um vídeo com a tradição oral. Também vamos realizar oficinas que tem relação com folclore e aos personagens da história e produziremos uma obra de arte que ficará exposta em um local ainda não definido", informa o escritor.
Outra atividade que será realizada será a instalação de marcos em quatro locais que foram importantes no episódio. Um QR Code levará ao site do projeto com mais informações sobre o assunto.
Contextualização histórica
Informações coletadas pela reportagem junto ao Museu Olivio Otto, em janeiro, por ocasião do aniversário de Carazinho, o conflito iniciou justamente no dia 24 de janeiro daquele ano. Foi um movimento armado, que colocou de um lado os partidários do presidente do Estado, Borges de Medeiros, conhecidos como Borgistas ou Ximangos, e de outro os revolucionários, aliados de Joaquim Francisco de Assis Brasil, os Assisistas ou Maragatos.
Um ano antes, Borges de Medeiros se candidatava à presidente do Estado para substituir Júlio de Castilho, que acabara de falecer. Tinha forte apoio partidário e não hesitava em apelar para a fraude e a violência para garantir a vitória, na tentativa de dar seguimento aos governos do antecessor.
No entanto, formou-se uma aliança entre vários segmentos da sociedade gaúcha para estimular uma oposição organizada. Assis Brasil desafia Borges na disputa nas urnas. A campanha eleitoral ocorre sob um clima de repressão e violência. Opositores do governo são presos, espancados e até mortos. Locais de reunião dos Assisistas são fechados e depredados pela polícia.
Neste contexto, o então distrito de Passo Fundo, Carazinho, prosperava aceleradamente, graças a indústria da madeira, tornando-se núcleo muito importante, seguido de Erechim. O fato de o outro distrito se tornar município antes, não agradou os carazinhenses. Aqui, era reduto forte de federalistas.
O chefe civil e mentar da revolução foi o advogado Artur Caetano da Silva, que residia em Passo Fundo. Quando o conflito começou a região de Carazinho foi atacada pelos caudilhos maragatos de Mena Barreto e Leonel da Rocha. Aqui encontraram forte resistência, não havendo vitória.
A expectativa de Assis Brasil e seus aliados era de que o então presidente da República, Arthur Bernandes, intervisse, já que não era simpático a Borges. Mas, sendo hábil político, Borges se aproximou do presidente e frustrou expectativas.