POLÍTICA
Prefeito endurece o tom do discurso contra a Corsan-AEGEA

Foto Divulgação
Depois da administração ter sido chamada de “frouxa” e “omissa” por um vereador da oposição em relação aos problemas envolvendo a Corsan, o prefeito João Pedro resolveu engrossar o tom do discurso e bater na mesa... Além de ter enviado um projeto para a Câmara que estabelece prazo e penalidades para o caso de obras mal acabadas e interrupção de fornecimento, o Executivo determinou a parada total das obras até que os problemas com as empresas terceirizadas pela Corsan sejam solucionados e o fechamento urgente das valas abertas. O prefeito também anunciou que não está descartada a possibilidade do encerramento do contrato com a Corsan-AEGEA, e para isso, já foi iniciada uma busca ativa por empresas que possam servir de alternativa. Outra decisão é de não assinar o aditivo contratual com a empresa. Aliás, diante de todos os problemas envolvendo a empresa, era só o que faltava...
A propósito: diante de todos os problemas envolvendo a Corsan e o município, é de se estranhar que a empresa seja uma das patrocinadoras da Agrifest. No mínimo, há um claro conflito de interesse...
Passividade
Além de ter sido chamada de frouxa e omissa por um vereador da oposição, a atual administração foi literalmente “achincalhada” na última sessão da Câmara, quando mais uma vez a oposição foi protagonista sambando na cara da Situação, que permaneceu na mais absoluta passividade, sem se mexer da cadeira para defender o governo. As críticas foram tantas e tão duras que precisaria de uma coluna inteira para reproduzir, mas, entre tantas, a administração foi chamada de lenta e incompetente por ainda não ter inaugurado a EMEI Nelci Schmitz; foi chamada de indiferente ao caos que virou o Aterro Sanitário, e para completar, mais um caso de CC com alto salário na secretaria da Saúde e que não trabalha veio à tona...
Maioria silenciosa
... E tudo isso ficou absolutamente sem defesa pelos vereadores da Situação e, inclusive, pela liderança de governo...Vale dizer que a oposição está apenas fazendo o seu papel. O que não dá para compreender é o papel que a Situação vem fazendo... Se transformar em uma maioria silenciosa e apática seria estratégia para não dar palco às críticas e aos críticos? Se for isso, é uma opção perigosa, já que como diz o ditado, “uma mentira dita mil vezes se torna verdade”...Pode ser ainda apenas falta de articulação, mas o certo é que nunca antes na história se viu um governo ter maioria – mesmo que negociada -, ter a presidência da Câmara, e mesmo assim, ser “achincalhado” sessão após sessão...Em finais de mandato, diante de governos impopulares, até se entende a estratégia de vereadores da base tentarem se descolar das administrações, em uma espécie de “salve-se quem puder”, mas após apenas quatro meses???
A propósito II: falando em papel da oposição, o vereador Márcio- “Guarapa”- Hoppem (MDB) protocolou um Pedido de Informação com nada menos do que 21 perguntas sobre o Planeta Agro. Em tempo: o vereador estava presente na sessão do dia 24 de março, quando integrantes do Executivo prestaram contas sobre o evento na tribuna, porém, na ocasião, não fez nenhuma pergunta...
Prova de fogo
Uma das provas de fogo dos responsáveis pela articulação do governo com a base será a votação do projeto 41 do Executivo, que cria novos padrões de vencimentos, altera e extingue cargos. Apesar de constar no próprio projeto que as alterações não irão impactar no orçamento, é claro que a oposição já está capitalizando o assunto, o que não causa surpresa...O que irá causar surpresa – ou nem tanto - é se os vereadores da base flutuante, ou seja, do PSB, não abraçarem o projeto com medo da repercussão negativa junto à comunidade. Será a hora de ver quem é quem e quanto valem...Dizem que este projeto, entre outros, pode custar uma secretaria, ampliando o espaço do PSB no governo...
100 dias
Diante das inúmeras críticas sem defesa na Câmara, quem acompanhou a prestação de contas dos 100 dias de gestão feita pelo prefeito João Pedro e a vice Valéska no evento Ideias na Mesa da ACIC pode ter ficado com a impressão que existem dois governos em Carazinho...Apesar de ter optado por ocupar boa parte do tempo para falar dos problemas que herdou e outra parte do tempo para falar de projetos que ainda estão no papel, João Pedro conseguiu apresentar ações efetivas concretizadas nestes 100 dias, como por exemplo, zerar a fila dos 79 processos de licenciamento ambiental que aguardavam liberação, promover uma verdadeira “revolução” na secretaria da Agricultura, instituir novas regras para o estacionamento rotativo, e, é claro, realizar o Planeta Agro...
E o concurso?
Segundo o prefeito, um dos grandes desafios que encontrou foi de construir soluções com o material humano que recebeu. Isso deve explicar a necessidade de tantas contratações emergenciais em quatro meses...Porém, durante a apresentação, não chegou a mencionar a data prevista para o concurso público. Enquanto isso, já foi protocolado na Câmara mais um projeto para a contratação de mais profissionais, sem a devida seleção pública, justa e transparente. Infelizmente o que deveria ser exceção já se tornou regra e o que deveria ser emergencial, virou rotina...
Educação I
Entre os principais desafios ainda não superados, o prefeito citou também, além dos problemas com a Corsan, a questão do lixo, que segundo anunciou, deve passar por uma remodelação de contrato. No entanto, não chegou a citar quais ações que serão efetivadas para solucionar o problema mais grave e preocupante, que vinha escondido, e que foi revelado pelo atual governo através de uma sondagem diagnóstico realizada pela secretaria de Educação...
Educação II
...O fato de metade dos alunos dos 7 aos 14 anos das escolas municipais terem acertado menos da metade das questões de português e matemática talvez seja uma das notícias mais preocupantes e lamentáveis para o município nos últimos anos...E por incrível que pareça “passou batida” pelos vereadores, em especial da oposição, que fizeram parte do governo nos últimos oito anos. Porém, não se trata agora de achar culpados, muito menos de responsabilizar as escolas e professores, mas de apontar soluções urgentes. Como todo diagnóstico, ele só serve se for para solucionar o problema. De pouco irá adiantar termos um município que investe em obras, eventos e desenvolvimento econômico, se não investir na educação de qualidade dos nossos jovens...Muito preocupante...
Data: 02/05/2025 - 08:48
Colunista: Nadja HartmannFonte: Nadja Hartmann