POLÍTICA

Nova gestão banca o risco político e aposta alto no Planeta Agro

Como acontece tradicionalmente há 25 anos, todas as expectativas da região estão voltadas para a Expodireto Cotrijal, que se inicia na próxima segunda-feira, em Não-Me-Toque. Porém, neste ano, a expectativa dos carazinhenses com a feira é ainda maior, já que após 25 anos finalmente teremos um evento pra chamar de “nosso” durante a feira. Promessa de campanha do atual governo, o Planeta Agro, apesar de ser apresentado como piloto, vem com um formato ousado, investindo em dois shows nacionais, com o valor total de R$542 mil só de cachê, sem contar os demais custos de estrutura e divulgação. A previsão é que a venda de patrocínios nos valores de R$5mil a R$15mil arrecade cerca de R$200mil, lembrando que a Câmara autorizou um crédito suplementar de R$900mil para eventos para todo o ano de 2025.

Preço político

...Ou seja, o evento vai exigir sim o investimento de dinheiro público. Se for um sucesso e se confirme a participação de mais de 10 mil pessoas só na primeira noite, as críticas da oposição devem ser neutralizadas, até porque o governo só estará atendendo uma reivindicação antiga de toda a comunidade, colocando Carazinho efetivamente na rota da Expodireto. Porém, caso o evento não atenda as expectativas, o preço político vai ser alto e não faltarão críticas da oposição...O governo sabe disso e por isso mesmo, está apresentando o evento como uma edição piloto, que pode ser alterada e melhorada nos próximo anos, principalmente com uma participação maior do setor gastronômico do município no local, que afinal, é o que garante o sucesso na economia de Victor Graeff, com o Festival da Cuca com Linguiça...De qualquer forma, gestão pública se faz com coragem...

A propósito I: o Planeta Agro é a primeira grande prova de fogo da diretora de Cultura, Bruna Anacleto, que vem sendo acompanhada de perto na organização do evento, pela  primeira-dama, Paula Santos, que apesar de não possuir cargo no governo, já ficou conhecida pela sua onipresença na Prefeitura...

Números I

Falando em Expodireto, a 25ª edição se inicia sob o impacto da estiagem e das ondas de calor extremo nas culturas de verão. Cautelosa com os dados, a Emater anunciou que o relatório oficial sobre a queda da safra será divulgado durante a feira no tradicional café da manhã com a imprensa. No início de fevereiro, a Farsul confirmou que de 2020 a 2024, o Rio Grande do Sul acumulou um total de R$ 106,5 bilhões em perdas. Considerando todo o agronegócio, incluindo serviços e impostos indiretos o total chega a R$ 319,1 bilhões, equivalente a 49% do PIB do Estado.

Números II

São números preocupantes, porém a Expodireto nos últimos anos vem apresentando crescimento no volume de negócios. Neste ano, se formos utilizar a Show Rural Coopavel como termômetro, os números mais uma vez devem ser positivos. Realizada no Paraná de 09 a 13 de fevereiro, a feira teve um crescimento de R$1bilhão, superando os R$6,1 bilhões movimentados em 2024. No ano passado, o faturamento divulgado da Expodireto foi de R$7,9bilhões. Este ano, podemos não ter a divulgação dos números finais na tradicional entrevista coletiva de encerramento da feira. Em função de questionamentos que todos os anos surgem quanto ao volume anunciado, a organização da feira cogita manter os números a sete chaves...

A propósito II : ao contrário do que tradicionalmente acontece no domingo que antecede a Expodireto, neste ano não teremos a abertura do Ideias na Mesa da ACIC com a presença do governador. Seria uma boa oportunidade de Eduardo Leite fazer sua primeira visita oficial e prestigiar seu correligionário de partido e agora prefeito, João Pedro Azevedo, além de participar de agendas no município como fez nos últimos anos...

Repúdio I

Após um recesso parlamentar interrompido por duas extraordinárias com a votação de 19 projetos, a Câmara de Vereadores retornou na noite de ontem (06), porém, sem nenhum projeto na pauta de votação. Com a ausência do presidente Bruno Berté (PDT), a sessão foi comandada pelo primeiro vice-presidente Adriel Machado (PSDB). Entre os últimos documentos protocolados nos últimos dias pelos vereadores, chama atenção dois Requerimentos de Repúdio. Um deles é proposto pelo vereador Cleomar Silva (PP) e propõe uma Moção de Repúdio ao governador Eduardo Leite contra o projeto de concessão de rodovias no Vale do Taquari e Norte do Estado, com a implementação de seis novas praças de pedágio. Ao propor a Moção de Repúdio ao governador, o vereador do PP repudia por tabela o MDB, partido do secretário de Transportes Juvir Costella e do vice-governador, Gabriel Souza, aliado do PP nas últimas eleições em Carazinho. Será que os vereadores do MDB vão assinar???

Repúdio II

Outra Moção de Repúdio é proposta pela vereadora Berenice Muller (PSDB), que propõe o repúdio oficial do Legislativo aos ataques sofridos pela diretora de Habitação, Katia Alberti, na Internet, através de montagem de fotos e fake news. Aliás, por envolver uma figura pública com atuação política, o episódio se caracteriza claramente como violência política de gênero, e realmente não pode ser tratado como pontual ou como uma mera brincadeirinha de mau gosto. Quem não lembra que durante a campanha, a primeira-dama Paula Santos também foi vítima de fake news? ... São ataques assim que afugentam tantas mulheres de participar da vida política. Ou seja, ao atacar uma, atacam todas...

Comemorar o que?

...O mínimo que se espera é que a Moção seja aprovada por unanimidade, mas não só isso, espera-se que todos os vereadores se manifestem veementemente contra o episódio e que os órgãos de segurança tomem todas as medidas cabíveis...Enquanto ataques assim continuarem acontecendo, não temos nada o que comemorar no Dia Internacional da Mulher... Pelo contrário, tal episódio registrado tão perto da data, - considerada por muitos como um dia festivo -, só reforça a necessidade do 8 de março ser lembrado como um dia de luta e resistência. Sem dúvida, temos muito o que avançar...

Sede ao pote

Ainda sobre a Câmara, as duas interrupções do recesso parlamentar causaram insatisfação em alguns vereadores, que acusaram o prefeito de desrespeitar o legislativo ao enviar 21 projetos `no afogadilho´ sem o devido tempo para discussão. O Executivo reagiu argumentando que os projetos eram necessários em função de ajustes urgentes no orçamento planejado pelo antigo governo, sob pena, inclusive, de inaviabilizar muitas ações em áreas essenciais, como educação, por exemplo... O argumento até pode ser válido, mas se dermos uma olhada no início do primeiro ano do governo Milton, em 2017, não houve nem a metade dos projetos protocolados pelo Executivo em menos de dois meses de gestão. Ou o orçamento deixado pelo ex-prefeito Renato Suss estava bem “azeitadinho” ou o ex-prefeito Milton Shmitz iniciou sua primeira gestão indo com “menos sede ao pote”...

Berço esplêndido

Verdade que os primeiros três meses de gestão são conhecidos como de “lua de mel” com a população, quando o prazo para o cumprimento das promessas dado pelos eleitores ainda não venceu, mas chama a atenção a passividade dos vereadores da Situação diante dos ataques que o governo vem sofrendo, principalmente nas redes sociais. O fato do governo ter maioria e aprovar os projetos “sambando” não justifica a falta de reação dos vereadores. Não podemos esquecer que a maioria na Câmara foi conquistada com negociação e não exatamente através de votos. Além disso, não se pode esquecer que a vitória foi obtida por uma diferença de menos de 150 votos. Isso significa que 16.247 eleitores não deram o seu voto de confiança ao atual governo, o que não permite a Situação ficar “deitada em berço esplêndido”...

 Deu Palco

...Não é nada comum que o próprio prefeito tenha que ir às redes gravar vídeos de esclarecimento. Geralmente, esse papel fica com os vereadores da base de apoio, até em nome de poupar o prefeito do desgaste e principalmente, de dar palco para a oposição. Pois nestes dois primeiros meses de gestão, não foi só uma ou duas vezes que o prefeito teve que assumir este papel, inclusive vestido de folião para desmascarar uma fake news sobre o estacionamento rotativo...

Comunicação

Desinformação não se justifica, principalmente quando se trata de uma matéria que impacta diretamente grande parte da população, como o estacionamento rotativo, mas a demora da gestão em prestar esclarecimentos sobre o tema, -  que foi umas das principais bandeiras de campanha -, é munição farta para a oposição. Faltou comunicação, mesmo que fosse apenas para dizer que em breve teriam novidades...Política não perdoa espaços vazios...João Pedro deveria saber disso...Porém, se o pacote de mudanças no estacionamento corresponder as expectativas da população, agradando “gregos e troianos”, a promessa estará cumprida...