CULTURA

Primeira escritura de terras do Planalto Médio completou 200 anos

Professores José e Maria Sperry com a cópia da escritura e a foto da filha do povoador Alferes Rodrigo Félix Martins (Foto Mara Steffens/O Correspondente)

 

O professor e escritor José Newton Vieira Sperry é um colecionador de relíquias históricas. Livros, revistas, recortes de jornais, documentos compõem um vasto acervo que seguidamente ele explora para contar a alguém um fato importante da história, especialmente regional.

 

Entre as raridades conservadas e guardadas por ele está um documento bastante importante. Prejudicado pela ação do tempo, o papel registra a primeira escritura de terras do Planalto Médio Gaúcho, concedida em 5 de agosto de 1824. Está completando, portanto, 200 anos. Na ocasião, o Alferes Rodrigo Félix Martins recebeu a concessão da Sesmaria de São Benedito, pela Comandância de São Borja. É uma cópia, pois o original emprestou a alguém para um trabalho e, infelizmente, nunca mais obteve de volta.  

 

Além deste documento, o fato também está registrado no livro “A Trilha dos Pioneiros”, de Adari Francisco Ecker, que aponta ainda que o Alferes se estabeleceu oito anos antes da oficialização da escritura, algo comum para a época. Estava em Pinheiro Marcado desde 1816, na região onde havia há até pouco tempo uma grande Timbaúva. Oriundo de Castro, no Paraná, perdeu aqui a esposa, Luzia Maria de Quadros, provavelmente logo que chegou.

 

Por isso retornou a terra natal e em 1818 casou-se novamente, desta vez com a cunhada, Reginalda Bueno de Quadros. Muitos descendentes do Alferes e das famílias Quadros e Bueno seguem residindo em Carazinho e arredores.   

 

Maria Sperry, também professora e esposa de José, conta que o Alferes Rodrigo Félix Martins e o irmão, Athanagildo, vieram parar na região com o objetivo de abrir um novo caminho para as tropas, ligando São Borja a São Paulo. Gostaram da região que decidiram se estabelecer e trouxeram parentes e amigos para começar o povoamento. Na época estavam aqui apenas indígenas caigangs, que com o tempo foram se afastando para outras regiões.

 

Outro ponto destacado pela professora é que uma das filhas do Alferes, Maria Leduína e seu esposo, Antônio Pereira de Quadros, estão sepultados em Pinheiro Marcado e a sepultura também é histórica por ser a mais antiga do Planalto Médio. Maria e José Sperry reiteram a necessidade de restauro do túmulo, para que este seja preservado por sua importância histórica. O casal, inclusive, guarda uma fotografia de Leduína e Antônio.

 

Copia digitalizada da escritura 

Data: 04/09/2024 - 15:13

Fonte: Mara Steffens

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